10/12/09

OS OUTROS É QUE TRAMAM ISTO TUDO (IV)

Vivemos o nosso dia-a-dia como se fossemos umas simples bolas de malabarismo. Dependentes de nós próprios, ou mesmo dependentes dos outros. Esquecemo-nos de que existe muito mais além daquilo que sabemos, pensámos e vemos, pois só nos interessa o dia de amanhã.

Por vezes temos certas atitudes que ninguém percebe, nem mesmo nós percebemos as nossas próprias atitudes. E então porque que as tomámos se ninguém as percebe? Apenas as tomamos porque existimos. E afinal porque que existimos? Qual é a razão da nossa existência? E se a nossa existência não for a justificação para todos os nossos problemas? E se houvesse uma justificação igual para todos os problemas, não estaria tudo muito mais facilitado? “Penso, logo existo” esta é uma das afirmações que não tem qualquer sentido. Muitas coisas existem mas não pensam. Será a única razão que prova a nossa existência?

Porque que quando temos certas atitudes pomos sempre as culpas nos outros? E se na verdade a culpa foi nossa? Será que se mudássemos uma pequena coisa faria toda a diferença? Interrogamo-nos constantemente com estas perguntas, que precisamos de esclarecer. Pensamos demasiadas vezes no que aconteceu no passado e arrependemo-nos, mas continuamos muitas das vezes a fazê-lo no presente. Não vale a pena estarmos a pensar sobre o passado, pois nunca o vamos conseguir mudar. Aconteceram porque tiveram de acontecer, e jamais conseguiremos mudar o nosso destino. Temos é que pensar sobre o presente e lutar pelo nosso futuro. E se não pensássemos tanto sobre as coisas, será que não errávamos tanto? Acabávamos por cometer mais erros, mais parvoíces e muitas mais asneiras.

E se fossemos todos iguais, seria tudo mais fácil? Eu não diria isso. Acho que se todos fossemos iguais, pensa-se-mos da mesma maneira não havia razão nenhuma para lutarmos uns pelos outros, pois havia explicação para tudo, não havia discussão de ideias, não havia animação nas nossas vidas, pois todos gostávamos e queríamos fazer o mesmo. Estávamos completamente perdidos num mundo sem sentido. Devemos ser todos iguais, mas todos diferentes. Devemos encarar as coisas à nossa maneira, pensar como queremos e dizer as coisas como achamos melhor, mas não nos devemos comparar com ninguém.

Dependemos da felicidade dos outros para sermos realmente felizes, principalmente daqueles que amamos e estão juntos de nós. Mas não dependemos de completo dos outros, pois se assim fosse ninguém tinha opinião própria, fazíamos o que os outros faziam, o que eles queriam, assim não estávamos a ser nos próprios, estávamos a deixar que os outros decidissem por nós. Muitas vezes deixamo-nos levar por o que dizem os outros, e muitas vezes eles levam-nos pelo mal caminho. E quando nos apercebemos já é tarde de mais. Será que realmente somos felizes ao lutar por o que queremos? Será que somos felizes só à nossa maneira? Por vezes isolamo-nos de tudo e todos, mas aí não somos verdadeiramente felizes, fingimos sê-lo, pois os outros contribuem muito para a nossa felicidade. Tirando aqueles que se aproveitam da nossa infelicidade e só vem para complicar um pouco o nosso caminho. Mas só conseguem se nós deixarmos.

Estarão cá os outros para nos tramar? Os outros estão cá para nos ajudar, ajudam-nos a compreender melhor as leis da vida, quando nós mais precisámos, ensinam-nos a não desistir, a lutar até ao fim pelos nossos sonhos, a lutar perante um desafio, a sorrir quando estamos tristes, chamam-nos à razão, criticam-nos para corrigirmos o que está mal, os outros existem para o nosso bem.

Passamos a vida à procura da nossa felicidade, uns acham que só vão ser felizes quando fizerem uma viagem por o mundo, outros serão felizes quando forem ricos, estamos sempre a desejar algo de novo. É uma procura infinita da felicidade, nunca a lua está ao nosso alcance, nunca o carinho recebido é suficiente. Então quando é que podemos ser realmente felizes? A partir do momento em que decidirmos sermos felizes, quando estivermos satisfeitos com nós mesmos, quando os sonhos forem cumpridos. A felicidade não está na riqueza dos materiais, numa casa nova ou num carro novo e muito menos está a venda. Enquanto tivermos algo para fazer, alguém para amar, seremos felizes. A nossa fonte de felicidade esta dentro de nós e deve ser partilhada com os outros.

Não vamos diminuir o nosso próprio valor comparando-nos com os outros. Somos todas pessoas diferentes, mas cada um de nós é um ser especial. Não vamos ter objectivos de vida só porque os outros os acham importantes. Temos capacidades de escolher o que queremos e gostamos. Devemos viver um dia de cada vez, não desistir enquanto somos capazes de lutar. Nada termina até ao momento em que deixamos de tentar. Não podemos ter medo de admitir que erramos, de dizer que não somos perfeitos, pois ninguém o é, não ter medo de enfrentar riscos, pois com eles aprendemos a ser valentes, não ter medo de aprender, não vamos excluir sermos amados quando amamos. Não vamos fazer da vida uma corrida, quando na verdade ela é uma viagem que devemos desfrutar cada passo que damos.

A vida é apenas um jogo. Lutamos uns contra os outros, e vence quem jogar melhor. Não podemos ser levados pelos outros, pois muitos querem a nossa derrota e saírem vitoriosos à nossa custa.
Micaela Rocha, 15 anos, catequizanda do 10.º ano

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